Bodas de esmeralda


7.2.23


40 anos de casados. Tantas histórias á partir desse sim.

Como previamente tivemos certeza que nos queríamos pra vida toda, com oito meses de namoro noivamos; mais 4 meses, dividimos nossos lençóis, documentamos nosso amor.

Uma decisão repleta de implicações; nem sei se tínhamos noção do tamanho desafio, mas uma certeza havia, deveríamos cuidar um do outro.

Ficamos atentos à importância de perdoar, esquecer, abrir mão da razão, mas também não nos perder de nós mesmos, das nossas preferências, peculiaridades. 

Nossa entrega foi recheada de amizade, transparência.

Aprendemos que nem sempre o subentendido é melhor que o revelado, e que as interpretações podem ser perigosas.

O quotidiano foi nos ensinando, modificando, ajustando.

Já temos ciência de que vales e desertos não são pra sempre, e que tristezas e alegrias são casuais, momentâneas.

Amadurecemos. Regamos as sementes que queremos que floresçam.

E o amor não passou; é dele o cheiro, a voz, e o olhar mais importantes.

No zelo somos afortunados, ainda me levanto pra recebê-lo, e ele, gentilmente, continua abrindo a porta do carro pra mim.

É fato que cremos na Palavra, em suas promessas; em nosso convite de casamento já havíamos proclamado: "De nós se tem lembrado o Senhor, Ele nos abençoará". Sl 115:12.

E assim, com nossos olhos no Senhor, prosseguimos; convictos de que dele virá nosso socorro; deveras a graça sempre nos alcançou.

Nele buscamos e vivemos milagres que nos trouxeram até aqui.

“Grande paz têm os que amam a tua lei” Sl 119:165

 

Paz.


 

 

Sessentei


1.5.21


 

 Uma amiga conta que assusta quando se olha no espelho ao acordar:

 _ "Credo! Quem é essa velha dentro da minha camisola?"

Sempre rimos dessa história. O fato é que envelhecemos, sessentamos. 

Memórias surgem, é inevitável relembrar os ocorridos; tem histórias que parecem nem ter fim. Algumas cheias de gostos, entusiasmos, já outras fartas de desagrados. 

Reconheço minhas adequações, mas também as descortesias, os erros; por vezes usei a calma e consegui me deter, deu certo; já em outras, me precipitei e perdi a razão. 

Amo muito e me sinto bem amada, honrada. Esses amores são como unguentos. Suspeito que devem considerar, validar, apenas meu esforço em querer acertar, só pode; eles,  mesmo conhecendo minha pior face, continuam atentos nos cuidados comigo.

Rio muito, sempre; um café na padaria e uma boa conversa, pronto, o riso corre frouxo. Choro facinho também. 

A alegria e a gratidão me movem, já acordo com elas a tiracolo; tenho muito, muito mesmo, a agradecer; aliás, trago no pescoço, literalmente, minhas maiores riquezas. 

As palavras me fascinam, me detenho nelas; reconheço que são devastadoras, mas sei também que erguem, recuperam, refazem. Contemplo e pratico também o silêncio, compreendi sua importância e poder.

Inspiro-me nas boas lembranças, busco ressenti-las, me revigoram.

Tento resolver o que está atravessado, pra de fato ter saúde.

Fui / sou incansável nas minhas buscas, não me acanho. Através da oração, me lanço Àquele que move terra e céu; os pedidos de socorro são infinitos; sei que Ele sempre me ouve, e na forma que lhe é peculiar, me responde.

Trouxe aqui algumas peculiaridades, aquelas que surgem sem o menor esforço; mas quero expor também minha maior provocação e desafio: Ser agradável a Deus e fazer sua vontade, (uma antiga e bendita busca), ao mesmo tempo que é minha exultação e prazer, é, antagonicamente, meu lamento e vergonha.

Aproximar-me Dele anuncia meu pecado e insensatez, mas também, por seu amor e graça, minha redenção. Caminhar com Ele, sentir seu cuidado, e saber que nada pode nos separar, além de me dar força, é libertador.

"No tocante a mim, confio na tua graça; regozije-se o meu coração no teu salvamento. Cantarei ao Senhor porquanto me tem feito muito bem.". "Guia-me na tua verdade e ensina-me, pois tu és o Deus da minha salvação, em quem espero todo o dia," Salmos 13:5 e 6; 25:5


 Paz!









Arte no chão


14.3.21




Ontem, andando pelo quintal, procurando abacates despencados, encontrei essa plantinha; quase rasteira, de tão próximas ao solo; verifiquei que só quando miramos o chão, ou nos curvarmos, é possível percebe-la. Não vivem nas alturas, como quem dialoga com o sol ou adorna as estrelas, tão pouco serve de palco pros passarinhos que o dia todo fazem aqui seus recitais; elas estão ali, simples, entrelaçadas, ornando e suavizando um caminho.

Fiquei fascinada! Como podem ser tão divas em meio a tanta simplicidade? Parecem pintadas à mão; seus traçados, sombreados, mesmo monocromáticos, são perfeitos; uma verdadeira arte no chão.

Essa vivência foi como um chamamento, um aceno de que, mesmo quando nos descaímos e cabisbaixos olhamos pro chão, talvez por problemas, ou por uma conscientização dos limites e fragilidades, ali há também uma suprema beleza; é que encontros comigo mesmo, com minha impotência e incapacidade, podem ser transformadores; especialmente se nos movem a buscarmos a presença daquele que tudo criou e tudo pode. Ele promete nos visitar em nossa fraqueza e nos revigorar.

Foram incontáveis as vezes que me acheguei a Ele cansada, aflita, necessitando de ânimo e direção, e fui acolhida, renovada.

"Restaurarei o exausto e saciarei o enfraquecido". Jeremias 31:25

 

Paz!


 



Permanecemos nos votos


1.2.21


05/02/2021 Comemoramos 38 anos de casados.

Há algum tempo os matrimônios eram assim, longos, hoje gera certa perplexidade. 

E como chegamos até aqui? É que mesmo com as encrencas e cientes das nossas disfunções, escolhemos permanecer nos votos. 

Vamos desbravando, assimilando.Reuni aqui alguns modos que nutrimos:

_ Cultivamos a amizade, o respeito e o cuidado recíproco.

_ É certo que a confiança e o compromisso são vitais, estão acima do desejo.

_ Olhos nos olhos sempre; eles são reveladores, desvendam, clarificam.

_ Damos voz também à admiração, ao desejo e às carícias.

_ Apreendemos que as desventuras são parte, e que a força e a fé por certo virão no abraço e na oração. 

_ As idas e vindas nas renúncias e ajustes já é chão batido, vamos corrigindo, refazendo.

_ Ter consciência de que as teimosias muitas vezes são recíprocas, e que nossas diferenças não são provocações, foi uma esperteza daquelas .

_ Acenar o perdão, admitir não ter razão, merece uma celebração. 

Enfim, começamos e continuamos seguindo a cruz. Ele se ocupa em nos aconselhar; nos ensina sobre o Amor com autoridade, pois fala do que lhe é próprio. 

As promessas nos alcançam. 

"Melhor serem dois do que um, porque têm melhor paga do seu trabalho. Porque se um cair, o outro levanta seu companheiro; mas ai do que estiver só; pois, caindo, não haverá outro que o levante... o cordão de três dobras não se rebenta com facilidade.Eclesiastes 4: 9

Temos três filhos que são verdadeiros presentes.  

 "Que nossos filhos sejam, na sua mocidade, como plantas viçosas, e nossas filhas como pedras angulares, lavradas como colunas de palácio; " Salmo 144:1


Paz!



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